GTU em 11/05/2010
"[...] Telas surreais nas quais se grifam imagens dispares "estranhamente emolduradas" nas quais figuram bonecos, manequins, maçãs, objetos diários com toques de obscuridade, com toque sombrio predominante e voluptuoso.
Em quatro espaços na tela o mesmo cenário e em apenas um deles um homem figura solitário levando- me a pensar que sua existência é o vazio e que se não estivesse ali o quadro por si mesmo seria a obra.
Em René Magritte lemos: desespero, tenacidade, mãos largas e rudes, recorte, vazamento, simultaneidade. A cena realística cortada pela ilusão que o artista imprime em cada traço.
Simultaneamente: cenas absurdas e efêmeras, tempo-passagem; céu, nuvens, salto mental do MUNDO INTERNO PARA O EXTERNO E DO EXTERNO PARA O INTERNO ( uma locomotiva na chaminé desloca nossa imaginação numa viagem infinda de possibilidades por dentro dela.
O rosto do homem na nuca aciona o olhar para dentro, ambiguidade: há um observador invisível?! Quem o observa? Quem observo e quem me observa?!
Objeto sobre objeto, justaposição, transposição irreal.
Imagens vem e vão, são recorrentes e divagam nele e em mim: leão, homem, árvore, luar, céu azul com nuvens brancas, nu feminino, alteração do tamanho dos objetos, rompimento de convenções.
"A rosa enorme dentro do quarto toma posse dos sentidos e emoções do espectador". Corpo decapitado, chapéu-coco, terno nobre e elegante, sacada de pedra, são outras que ficam.
O absurdo nas telas de Magritte é dele e é nosso, de outrora e contemporâneo como a tela deste computador.
Essa me dá as suas visões de mundo, as telas de René me dão a dimensão de mim.
Eu não as elejo, elas sim, me convidam a olhar e sentir, sentir e olhar de novo... olhar, olhar, olhar."